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28/06/2012

A vez dos vices: as virtudes e defeitos de cada um

Seja por excesso de opções ou por falta delas, o candidato deixa pra escolher seu vice no limite final que o prazo permite. O vice é, geralmente, a última peça que os candidatos colocam na mala antes de embarcar para a viagem eleitoral de suas vidas.
Natural. Mais do que acertar na escolha, ninguém quer errar. Porque um vice pode até não acrescentar nada pra uma chapa, mas se for mal escolhido tem o poder de colocar pra baixo todo um projeto.
 
A disputa, então, em João Pessoa e Campina Grande, como na maioria dos municípios paraibanos, não fugirá à regra. Muitos nomes, apesar de tardios, estão na lista dos prováveis, em que pese as escolhas até sábado trazerem também a expectativa do improvável, de um nome que não passou pela boca ou lista dos que acompanham política.
 
De toda forma, de forma sucinta, analisaremos as opções dos principais candidatos em João Pessoa e Campina Grande, consciente de que a escolha poderá trazer surpresas e nomes não analisados.   
 
JOÃO PESSOA:
 
 
JOSÉ MARANHÃO
 
Aníbal Marcolino (PSL) – Além do apoio de mais uma legenda que vem sendo disputada pelos demais candidatos, traria consigo todo o peso da rivalidade contra o projeto do Coletivo, incluindo Ricardo Coutinho e Luciano Agra, o que seria importante pra carimbar Maranhão como um candidato integralmente “anti-Coletivo”, identidade marcante na disputa da Capital. O problema de Aníbal está no excesso. Raivoso, algumas vezes, demonstra não ter controle sobre si mesmo. Imagine-o sentado na cadeira de prefeito.
 
 
 
Caio Roberto (PL) – Traz consigo o peso político do pai, o deputado federal Wellington Roberto e algo que o tempo roubou de Maranhão, a juventude. Mas não se enganem: a presença de Caio Roberto na chapa não fará com os jovens votem ou deixem de votar em maior escala em Maranhão. Por dois motivos.
Primeiro porque Caio Roberto não é uma liderança jovem capaz de, sozinho e por mérito próprio,estimular a mobilização de uma juventude politicamente engajada, como um Linderberg Farias nos tempos da UNE, por exemplo. Caio nunca teve esse perfil. É um menino, mas faz política adulta. Segundo porque juventude não se transfere. Mesmo tendo um vice que pareceria mais seu bisneto, Maranhão ainda seria o octogenário pedindo votos pra governar João Pessoa. Caio seria bom pra fotos. Daria uma leveza aos cartazes.
 
 
Tavinho Santos (PTB) – De todas as opções, além de ser uma das mais leves, é a mais identificada com a cidade de João Pessoa. Vereador há vários anos, tem relação muito cotidiana com a Capital. Não traria dinheiro ou peso político pra chapa, até porque Maranhão já tem as duas coisas. Mas daria a sintonia de alguém que circula na cidade como gente comum. É a melhor opção, a meu ver.
 
 
 
Wilson Santiago (PMDB) – Apesar de estar sem mandato, é o nome de maior peso político entre as opções. Inclusive, com o PMDB Nacional. Mas com pouca identidade na Capital. Mesmo sendo considerado um “craque” em eleições por saber conquistar votos no melhor estilo é dando que se recebe, Santiago é a opção que traz mais contras. Sendo do PMDB, obrigaria Maranhão a ignorar as demais legendas aliadas ou até mesmo perder a oportunidade de atrair outros partidos. E, pior do que isso, é um político que está na Justiça atrás do mandato de Cássio Cunha Lima, figura que goza de prestígio na Capital. Basta isso ser massificado na campanha pra Santiago atrapalhar Maranhão.
 
 
CÍCERO LUCENA
 
 
Aníbal Marcolino (PSL) – Valem as mesmas virtudes e defeitos registrados acima.
 
Marcondes Gadelha (PSC) – Seria a melhor opção para Cícero Lucena. Por um motivo muito simples. Isolado no processo, ao menos até agora, Cícero está precisando de qualquer um. E Marcondes Gadelha, nome conhecido, tem referência política e daria ao senador tucano um certo peso à chapa. O salvaria com louvor do abandono.
 
 
 
 
Ítalo Kumamoto (PSC) - Outra boa referência pra Cícero Lucena, que está, repito, precisando de qualquer um que não o deixe falando sozinho. Médico, Ítalo goza de um certo prestígio na Capital. Mas, sinceramente, serviria mais como o gato pra quem não tem cão pra caçar.
 
 
João Gonçalves, Marcus Vinícius, Ruy Carneiro (PSDB) – Se realmente ficar isolado, Cícero teria que recorrer ao próprio exército pra compor uma chapa pura sangue. Coisa que ele próprio já descartou. Mesmo assim, teria opções como o deputado João Gonçalves, o vereador Marcus Vinícius e até o deputado federal Ruy Carneiro. Apesar da chapa puro sangue revelar que o isolamento o forçou a isso, João e Ruy seriam bons nomes. Tem referência e certo peso eleitoral na Capital. O problema é que eles, talvez, nem sequer tenham pensado nisso. Já o vereador Marcus Vinícius, um dos mais fiéis e competente estrategista político ligado a Cícero, serviria apenas pra tapar o buraco.
 
 
ESTELIZABEL BEZERRA
 
Bosquinho (Democratas) – Jovem, leve (simpático) e de bom trânsito em diversos setores, o vereador Bosquinho seria sim uma boa opção para vice de Estela. Não tem nem de longe o peso eleitoral e político que a chapa do PSB precisa neste momento. Mas, ao menos, não puxaria ninguém pra baixo. Já disse que não quer aceitar a missão.
 
Efraim Filho (Democratas) – É de longe a melhor opção pra vice de Estela das colocadas até agora. O único dentro do Democratas que conseguiria anular o peso negativo que a palavra “DEM” inspira nos socialistas. Deputado jovem e atuante, Efraim Filho estaria acima do próprio partido, sendo uma indicação de nome e não de legenda. Daria peso político à chapa, discurso militante e uma sensação de que a vitória Estela é possível. Serviria pra energizar a chapa nesse final de pré-campanha.
 
 
Eitel Santiago (Democratas) – O subprocurador da República Eitel Santiago seria o carimbo da moralidade na chapa de Estelizabel, especialmente num confronto que sugere denúncias de corrupção. Além disso, iria transitar num mundo em que a socialista, que se pauta pelo diálogo com movimentos sociais, não tem muita fluidez. As virtudes de Eitel, no entanto, param por aí. Sem voto, sem popularidade alguma e ainda com o ranço de ter sido secretário de Segurança Pública do Estado com vários confrontos com as polícias, Eitel é, a meu ver, pesado demais pra chapa da socialista. Que está precisando é de asas e não de âncoras.
 
 
Geraldo Amorim (PDT) – Depois de Efraim Filho (Democratas), é a melhor opção das sugeridas. Polícia Federal aposentado e com mandato sem máculas, traz também o carimbo da moralidade pra chapa socialista. Além de reforçar o apoio do PDT de Damião Feliciano, Amorim surpreendeu a votação em João Pessoa, quando candidato a deputado federal. Cerca de 14 mil votos na capital, batendo muita gente grande.
 
 
CAMPINA GRANDE  
 
 
DANIELLA RIBEIRO
 
Peron Japiassu (PT) – É o que se coloca como nome mais forte dentro das limitadas opções de Daniella Ribeiro, que após fechar acordo com o PT ficou amarrada pra avaliar outros nomes. Vereador, tem sua fatia do bolo no variado e rico cenário das infinitas lideranças políticas domésticas de Campina Grande, aquelas que, apesar do trabalho, mantém-se dentro dos limites da cidade.
 
 
ROMERO RODRIGUES
 
Pedro, Diogo e Ronaldinho Cunha Lima (PSDB) – Juntamos os três parentes do senador Cássio Cunha Lima, um dos maiores inspiradores eleitorais de Campina Grande, pra dizer que todos eles, em que pese uma ou outra diferença, seriam a melhor opção pra Romero. Especialmente neste momento em que o poeta Ronaldo Cunha Lima entra numa fase ainda mais difícil de sua luta contra a doença, sensibilizando o campinense numa corrente de torcida a acentuar ainda mais a relação que tem com a família Cunha Lima. Pedro, Diogo ou até mesmo Ronaldinho seriam o rosto, a voz e a história de Ronaldo, aliada ao prestígio de Cássio, renovada na chapa de Romero. Isso é de um apelo indiscutível. Razões partidárias e familiares, no entanto, tem afastado os três dessa discussão.
 
 
Fábio Maia (PSB) – Presidente do PSB de Campina Grande, Fábio Maia seria a formalização do apoio do governador Ricardo Coutinho à chapa do tucano com a conseqüente manutenção da aliança estadual entre Cássio e Ricardo. Porém é visível que Maia quer ser vice à força, já que tem apenas a indicação da direção do partido. Mas não do coração dos aliados. Na vice de Romero, seria meramente o broche oficial do PSB no projeto. Não agrega mais do que isso e ainda faria com que Manoel Ludgério, Carlos Dunha, Rômulo Gouveia, Cássio Cunha Lima e tantos outros nomes de peso da política campinense olhassem de cara feia pra o palanque.
 
 
Ivonete Ludgério – Dentro da obrigação do vice sair do PSB para manter a aliança com o PSB, é óbvio que é o melhor nome. Vereador combativa ao projeto dos Vital do Rego em Campina, agradaria em efeito contínuo. É esposa do deputado Manoel Ludgério (PSD), que é do partido de Rômulo Gouveia, que é aliado a Cássio Cunha Lima. Além de ser uma mulher numa chapa que vai enfrentar duas delas nas urnas.
 
 
TATIANA MEDEIROS
 
Bruno Roberto (PL) – Assim como Daniella Ribeiro, a ex-secretária de Saúde de Campina Grande, Tatiana Medeiros (PMDB), ficou com poucas opções pra trabalhar como candidatos a vice. Na coligação que fez, após perder o PT, tem no PR do deputado federal Wellington Roberto a mais forte sigla aliada. Apesar de ainda namorar com outras legendas, o que poderia trazer alguma novidade, Tatiana tem o jovem Bruno Roberto com o primeiro da lista. Traz o nome, a força e, quiçá, a mala do pai. Nada mais. De toda forma, também não tem nada que macule seu nome ou que  puxe a chapa pra baixo. Seja por querer ou por imposição. Filho de Wellington, Bruno é um vice de composição.
 
Luís Tôrres

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