Todo o respeito do mundo a shaolin. Todo o respeito pela triste e difícil situação em que se encontra desde o dia em que perdeu a graça para os canais de televisão, não deu mais Ibope e deixou, como é o caso deste escriba, muita gente sem graça. Fui o primeiro a lembrar do fato: sem dar mais Ibope, Shaolin é esquecido. E foi mesmo.
Desde o longo e sofrido tempo em que se encontra nesse estado quase vegetativo – pra que negar? – , somente uma ou duas visitas de apresentadores e repórteres interessados em aumentar o Ibope de seus programas, o bom Shaolin recebeu. Esse, o Ibope, sem dúvidas! Foi o principal objetivo dessas visitas.
Pois é. Ainda bem que família sempre esteve ao/do seu lado. Nunca fui lá pra verificar in loco tal afirmação. Nunca foi preciso. Não será. Acredito e muito que nesse momento é a família - preservemos mais a nossa, a base de tudo, vocês sabem – que lhe faz ter esperança ainda de voltar sorrir, e fazer muita gente sorrir com ele. Estou no meio dessa gente.
Mas, agora, depois da reportagem desta semana em que a apresentadora de um programa de televisão chorou – e o Ibope aumentou - quando um aparelho que ela trouxe das suécias – ou seria das arábias? - conseguiu traduzir para o português o sofrimento do artista, o escriba não conseguiu segurar. E mesmo não gostando, o palavrão adequado para o momento saiu.
Ora, ora, ora. Ora mesmo! Esperar que um artista que teve a sua vida – isso não se pode chamar de vida... – quase ceifada no melhor momento de sua carreira, sem poder usar a própria voz para se comunicar, usando um aparelho emprestado que somente faz tornar mais triste a situação, dizer que estar feliz, mais que burrice é esperar que um pianista que perdeu os dois braços num acidente, na flor da idade, esteja feliz porque encontrou quem comprasse o seu piano!
Li uma, duas três vezes, e não acreditei na notícia: Shaolin diz não estar feliz. E ela, a apresentadora, sabendo da infelicidade do artista, chorou como se essa fosse uma revelação que ninguém, mas ninguém mesmo poderia esperar nesse mundo de meu Deus. Shaolin, pelo que entendi, deveria responder, como ela esperava, deixou nas entrelinhas, que estava muito feliz na atual situação em que se encontra. Peraí, peraí, devagar com o andor que o santo que curtir a paisagem. Vamos com calma!
Se o Shaolin tivesse respondido que estava feliz, aí sim, estaria mostrando toda a sua incapacidade de separar o feliz do infeliz. Nada mais natural que Shaolin, mesmo que os seus olhares não tenham sido traduzidos pelo equipamento sueco para a nossa última inculta e bela, não estivesse feliz com a situação. Seria o mesmo que um cantor, por exemplo, como Frank Sinatra, perdesse a voz e dissesse estar feliz por cantar usando as mãos, dedos e expressões para dizer/demonstrar o que estava cantando!
Burrice! Shaolin está muito triste, e quem gosta dele também. Tudo muito natural. Mais uma prova de estar consciente. Torço mesmo para que nunca mais precise dessa porcaria sueca para dizer o óbvio ululante. Torço e muito. Torço mais ainda para que os seus olhares vazios nunca venham dize que Shaolin tá feliz. Um dia que não vai estar muito distante, esse sim, quero mesmo é ouvir a sua voz, em português, contando mais uma piada sobre o caso. Ah, isso eu quero!
Nenhum comentário:
Postar um comentário